Blog do Sôr André

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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Diárias em Arroio do Sal

Diárias
Quem esteve na Câmara de vereadores de Arroio do Sal no último dia 25, ou ouviu a transmissão da sessão pela Rádio Tupancy, acompanhou a polêmica em torno das diárias.
Uma reportagem da Zero Hora trouxe uma lista de todos os municípios do Estado e os respectivos gastos de suas câmaras de vereadores. E chamou a atenção o gasto de Arroio do Sal: R$54.704,00, ultrapassando Porto Alegre, Caxias do Sul e outros municípios muito maiores.
Trabalhei o assunto na aula de sociologia, na Escola José de Quadros (Arroio do Sal), e os mesmos motivaram-se a elaborar um abaixo-assinado, pedindo uma prestação de contas das diárias e o devido retorno ao município.
Deixei claro que não sou contra as diárias, pois as mesmas são justas quando o vereador ou funcionário representa o município ou o interesse público e tem despesas extras. Mas será que as diárias tiradas em 2010 foram todas legítimas? Podem ter sido legais, mas como diz o velho ditado, “nem tudo que é legal é moral!”
Em dois dias, o abaixo-assinado foi preenchido com mais de 200 assinaturas e encaminhado à Câmara pelos próprios alunos, com o apoio de muitos pais. Na segunda-feira (24) foi entregue e na terça-feira foi o assunto dominante da sessão.
Todo espaço que favorece o debate é democrático e sadio para a sociedade. Mas não pode haver debate quando uma das partes não pode se manifestar. E este foi meu caso, no plenário da câmara, ao ouvir algumas acusações. Conforme o vereador Cridão, muitos pais e alunos estariam descontentes com meu trabalho em sala de aula, que eu estaria só fazendo política... O vereador Maneca (PMDB) deu a entender que eu teria razões eleitoreiras.
No dia seguinte à sessão, fui ao estúdio da Rádio Tupancy e expus minhas razões para incentivar o abaixo-assinado, assim como as razões de fazê-lo durante uma aula. Desafiei o vereador Deoclides (Cridão), do DEM, a ligar para debatermos, mas o mesmo não ligou. Alguns pais de alunos, pelo contrário, ligaram e deram apoio total ao trabalho que venho desenvolvendo. Convém ressaltar as atitudes do vereador Osmarzinho (PP), que entregou uma prestação de contas ainda antes do abaixo-assinado chegar à Câmara, por saber através de sua filha que é minha aluna, e a atitude do vereador Jucilei (PDT), que defendeu a atitude dos alunos e ressaltou o aspecto político da educação. Ressalto ainda que ao final da sessão, o presidente da casa, vereador Carlos Dias (PTB) entregou-me um relatório das diárias dos vereadores e funcionários.
Mas quero deixar claro que se hoje fosse chamado a concorrer a qualquer cargo, minha resposta seria não, e de forma radical. Sei que muitas pessoas vêem meu trabalho com os jovens na Igreja Católica como uma forma de projetar meu nome, mas meu voluntariado na Igreja me acompanha já a muitos anos, antes mesmo de vir a Arroio do Sal.
Quanto ás aulas, as disciplinas de sociologia e filosofia haviam sido proibidas na ditadura militar por terem sido consideradas subversivas... Aliás, tudo o que levava as pessoas à reflexão e a atitudes críticas era subversivo. Infelizmente, algumas pessoas ainda não entenderam que a ditadura terminou e mais do que nunca precisamos de jovens e líderes que atuem na política de forma ética, transparente e humana. E como educador jamais deixarei de levar reflexões neste sentido à sala de aula.
Quem entende isso como “puxar para o lado do PT” está prestando um reconhecimento involuntário ao partido citado. Mas mais que a defesa de qualquer partido, faço a defesa de projetos, e acima de tudo, dos direitos humanos, da ética e da transparência na gestão pública.

André Rech

Professor de Filosofia e Sociologia