Blog do Sôr André

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quarta-feira, 13 de abril de 2011

Fraternidade e a vida no planeta


Campanha da Fraternidade 2011

Todos os anos, no período da quaresma, a igreja propõe um tema para reflexão através da Campanha da Fraternidade. A quaresma, período que se inicia com a quarta-feira de cinzas e encerra com o domingo de ramos, é um tempo propício para a reflexão e o exame de consciência, para o “balanço” de nossas vidas e nossas relações com os semelhantes e com o mundo que habitamos.

O tema proposto neste ano é de extrema importância: “Fraternidade e a vida no planeta”. O lema é uma expressão bíblica tirada da carta de Paulo à comunidade cristã que iniciava-se em Roma: “A criação geme em dores de parto”, Rm 8,22.

A ação humana no mundo tem sido altamente prejudicial ao meio ambiente e à vida que dele depende. A grande emissão de gases de efeito estufa em nossa atmosfera, principalmente a partir de 1750 com a Revolução Industrial, tem aumentado a temperatura média do planeta e causado o que chamamos de aquecimento global.

Diferente do efeito estufa, necessário para a vida no planeta e causado por fenômenos naturais, o aquecimento global é fruto da ação humana. Se as emissões de gases na atmosfera continuarem no mesmo ritmo, a previsão é de que a temperatura média da superfície aumente em 4 graus até 2050, levando ao derretimento das geleiras e ao aumento do nível do mar. Com a subida do nível do mar, diversas áreas habitadas serão inundadas, o que levará à migração de mais de 700 milhões de pessoas e causará diversos outros problemas.

A verdadeira situação do planeta continua sendo ocultada. Al Gore, candidato derrotado à Casa Branca em 2005 e autor do documentário “Uma verdade inconveniente” foi acusado de ambientalista louco e manipulador de emoções. Mas seu documentário aborda a questão de forma objetiva e científica, sem manipulação de dados. Estranhei que muitos alunos ainda não o tivessem assistido e procuramos proporcionar um espaço para isto na escola.

A verdade é que a atual geração está condenada a sofrer as consequências do pior aquecimento da história da humanidade, como as chuvas de maior intensidade, enchentes, estiagens prolongadas, tempestades, furacões, etc...

Não merecem crédito aqueles que dizem que tudo isso são sinais do apocalipse, do fim do mundo, ou castigos de Deus. O que parece extraordinário é nada mais que um conjunto de consequências de um mau uso de nossos recursos naturais e de um abuso no processo de industrialização e crescimento econômico, que não leva em conta a sustentabilidade do planeta.

Infelizmente, a maioria de nossos grandes empresários só se dará conta do mal que estão causando quando descobrirem que não se pode comer dinheiro. O sistema capitalista incutiu em nossas mentes que a busca pelo lucro e enriquecimento justifica todo o tipo de ações que banalizam o meio ambiente e o próprio ser humano, tornando-os meras mercadorias.

A Igreja cumpre seu papel de continuadora da missão de Jesus Cristo entre nós, alertando-nos para com os cuidados que devemos ter em relação ao nosso planeta, nossa casa. O mundo é presente de Deus à espécie humana e o homem a mais bela criação, imagem e semelhança do Criador. Mas esquecemos tanto da importância da criação quanto da nossa condição de filhos de Deus...

André Rech

Professor de Filosofia, Sociologia e História

Coordenador Pedagógico da Smec - Arroio do Sal/RS